quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Idosos começam a formar um mercado promissor na Odontologia

No Paraná, estado referência em Odontogeriatria no Brasil, uma equipe de atendimento domiciliar recebeu recentemente a chamada de um senhor de 106 anos.
Quando os dentistas chegaram na casa do paciente, ele foi logo ao ponto: estava cansado de ingerir apenas sopas e papinhas e queria que lhe fizessem uma prótese total.


O caso é uma demonstração do saudável movimento que está acontecendo entre a população brasileira com mais de 65 anos. Na busca por mais qualidade de vida, os idosos estão descobrindo a importância da assistência odontológica. Querem recuperar não apenas a capacidade de mastigar, mas também a beleza que dentes bem tratados conferem a qualquer rosto, não importa a idade.
A CD Fanny Jitomirski, coordenadora do grupo de Estudos de Saúde Bucal do Idoso da ABO do Paraná, é uma das maiores responsáveis pela melhora do atendimento odontológico aos idosos brasileiros.


Sensível aos problemas enfrentados por essas pessoas, Fanny soube identificar nelas necessidades que deram origem a bem-sucedidos programas, que já começam a ser implantados em outros estados brasileiros.


"A preocupação com os idosos é crescente no Brasil e na Odontologia: não é mais possível tratá-los apenas sob o enfoque da necessidade de próteses", diz Fanny.


Boas idéias


O trabalho de assistência odontológica com a Terceira Idade começou no Paraná em 1998, a partir do I Congresso de Geriatria do Mercosul. Foi quando surgiu a idéia do "escovovódromo", que acabou se transformando em um amplo projeto implantado por Fanny.

Utilizando os escovódromos para crianças, ou em escovovódromos especialmente criados para eles, os idosos recebem a orientação de dentistas sobre as técnicas corretas de escovação e cuidados com as próteses.


Decisivo para o sucesso dos "escovovódromos" foi a resposta dos idosos paranaenses. Ao contrário do que acreditavam alguns profissionais, eles não se envergonharam de tirar suas próteses em público ou fazerem perguntas sobre a sua saúde oral.

 

Receberam com muito entusiasmo o projeto, que serviu ainda para detectar feridas cancerizáveis e diminuir o risco de doenças.  

"Assimilando as técnicas corretas de escovação da língua, os idosos recuperam o paladar e com isso, deixam de exagerar no açúcar e no sal, ajudando a controlar a diabetes e a hipertensão", diz Fanny, que é ainda coordenadora do Programa Saúde do Idoso e membro-titular do Conselho dos Direitos do Idoso no Estado do Paraná.


Foi também em 1998 que Fanny coordenou um levantamento de saúde bucal dos idosos em asilos de 67 municípios paranaenses. O resultado reforçou a necessidade de medidas urgentes de atendimento àquele público: dos 1.469 idosos examinados, metade era totalmente desdentada e destes, apenas a metade possuía próteses.


A partir dos dados coletados, muitas iniciativas surgiram e os próprios municípios começaram a desenvolver seus programas, com a assessoria técnica da ABO do Paraná.


Outra iniciativa importante foi a instalação de um programa de bochecho semanal para os idosos com fluoreto de sódio, que também vem sendo muito bem aceito pelos idosos.


Mercado crescente

Com grande e reconhecida experiência em assistência odontológica a idosos, Fanny acredita que todos os dentistas devem lembrar-se que, assim como eles próprios, também os seus pacientes envelhecerão. Por isso, é importante estar sempre atualizado nos conhecimentos referentes à Odontogeriatria.


Segundo dados do IBGE, a expectativa de vida deve aumentar bastante e, até 2025, 15% da população brasileira será formada por pessoas com mais de 65 anos.


Fanny conta que não mede esforços para dar a todos os idosos a que assiste o melhor atendimento. Em seu consultório, por exemplo, instalado em uma casa histórica em Curitiba, a impossibilidade de construção de uma rampa para acesso de cadeiras de rodas foi contornada com criatividade. Fanny providenciou uma rampa removível, em alumínio, que é utilizada sempre que chega à clínica um idoso que não pode andar.


"Os idosos são pessoas esquecidas pela sociedade, especialmente as que vivem em asilos. Através destes programas, eles estão recuperando sua auto-estima e recebendo informações que lhes dão acesso à saúde que têm direito. Existem muitos cuidados simples que ajudam muito, mas que os idosos ignoram", diz ela.

Com toda a experiência que acumulou nos últimos anos, Fanny sente-se à vontade para lembrar aos seus colegas dentistas que é possível criar alternativas de trabalho, mesmo dentro de um mercado competitivo como o brasileiro. O atendimento odontológico de qualidade aos idosos é um exemplo disso.


Segundo Fanny, são os próprios dentistas que precisam começar as mudanças, inclusive modificando a sua postura de trabalho: "O dentista não pode falar para o próprio dentista. Para que as coisas aconteçam, ele tem que falar para as pessoas, para a sociedade", diz Fanny.

Fonte:Medcenter Odontologia

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