sábado, 7 de agosto de 2010

Testes odontológicos falham em diagnóstico de problema dentário

Testes odontológicos falham em diagnóstico de problema dentário

Técnica mais precisa pretende solucionar alto índice de erro na detecção de complicações na polpa dentária. Desenvolvida pelo Ipen, em parceria com a Faculdade de Odontologia, consegue em torno de 97% de exatidão na análise de dentes permanentes

Pesquisa realizada em parceria entre a Faculdade de Odontologia da USP e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) demonstrou, entre outros resultados, que os métodos atualmente utilizados para a análise da vitalidade da polpa dentária induzem o diagnóstico final a uma significativa porcentagem de erro.
 

Por sua opacidade e dureza, observar a parte interna de um dente não é simples. De maneira que muitos dentistas são levados a realizar testes que, mesmo captando relativamente bem os sintomas de algum problema, costumam falhar. O mais utilizado deles consiste em estimular térmica (quente ou frio) ou eletricamente o dente afetado para o paciente dizer se este dói ou não. São métodos baseados na interpretação do profissional e no grau de sensibilidade que o paciente possui, mas que podem induzir o dentista ao erro, podendo fazê-lo retirar uma polpa saudável ou detectar um problema tardiamente.
 

Segundo Gessé Nogueira, responsável pela Divisão de Desenvolvimento de Aplicações de Lasers do Centro de Lasers e Aplicações do Ipen, mesmo no caso de técnicas avançadas de diagnósticos sobre a vitalidade pulpar, como a Fluxometria Laser Doppler (FLD), os testes costumam errar entre 8% e 27% quando a polpa está necrosada e entre 10% e 32% quando a polpa está saudável.
 

Outros testes, como a descoloração da coroa (por luz direta e por transluminação) e a radiografia (radioluscência periapical e reabsorção externa da raiz), que são técnicas que não utilizam diretamente a sensibilidade do paciente, dificilmente erram no diagnóstico de um dente saudável. Mas no caso de um dente necrosado, a porcentagem de erro é alta. Pode chegar a 51% dos casos, com a transluminação; cerca de 65%, com a radioluscência periapical e perto de 85% com a reabsorção externa da raiz. "Estes tipos de teste são pouco confiáveis e, geralmente, respondem a estados tardios de necrose", afirma Nogueira.

Tratamento de números

O foco do trabalho de Nogueira, financiado pela Fapesp, está em melhorar a precisão do diagnóstico da vitalidade pulpar por meio de um tratamento de informação mais eficiente do que o feito atualmente.
 

A pesquisa tem como ponto de partida os registros de fluxo sangüíneo nos capilares da polpa para associá-los a possíveis anomalias. Após o registro, feito com a Fluxometria Laser Doppler, são produzidos algoritmos que classificam a anomalia de forma automática, através de uma máquina. O processo deixa de ter como base uma interpretação para se tornar algo objetivo e mais confiável. "Após elaborarmos algoritmos mais precisos, temos conseguido em torno de 97% de exatidão na análise de dentes permanentes e 100% na de dentes de leite, o que representa um avanço sensível", aponta o pesquisador.
 

Nogueira frisa que outra vantagem do método desenvolvido é que ele independe da experiência ou treinamento do profissional, já que ele poder ser implementado em programas de computador, o que resultaria em um instrumento automático de diagnóstico.
 

Em fase de estudos, a pesquisa já rendeu uma tese de doutorado e três de mestrado. "Estamos gerando conhecimento. No momento, não há contato com empresas para que máquinas que façam o diagnóstico em um laboratório sejam produzidas e comercializadas, até porque se trata ainda de um método relativamente caro. Mas o foco é melhorar a exatidão para que possamos demonstrar que o método é bom e confiável", completa Nogueira, dizendo que há a intenção de implementar os avanços obtidos ao menos na odontopediatria.
 

Agencia USP de Notícias

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